quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Recordações.

Maio/2014

Hoje apesar de ser sábado, acordei mais cedo para aproveitar melhor o dia que estava lindo no seu característico outono ensolarado, porém não muito quente como nos dias de verão.
Quando aqui estou, na casa onde vivi até meus 19 anos, muitas são as recordações. A mais presente é de minha querida tia, que afinal, foi também um pouco minha mãe, já que morávamos as três (eu, minha  mãe e minha tia)  nesta mesma casa que era sua. Mas, esta é outra história, porque hoje hoje... eu acordei mais cedo para aproveitar as flores do jardim e as cores que nele floresceram.
Com minha tesoura de jardinagem a postos, à medida que rodeio a casa vou podando os galhos antigos e as folhas secas. Foi nesta hora que me veio à lembrança uma brincadeira maravilhosa, dos tempos de menina, quando percorria não só o nosso jardim, como também os terrenos  baldios e vizinhos, à cata de folhas que fossem diferentes em seus formatos e nervuras.
Em uma sacola as colocava com todo cuidado para que não as amassasse.
Chegando em casa, papel branco e lápis de cera em mãos, pronta estava para a arte final: colocando uma a uma as amostras recolhidas sob o papel retirado do caderno de desenho, ia passando o lápis colorido fazendo aparecer em poucos minutos o contorno da folha recolhida nos jardins. Depois de pintada era hora de recortá-la.
Assim, ia colecionando a cada dia,  as mais variadas folhas. 
Como é bom ter coisas boas para recordá-las.


Ela e os gatos.

Novembro/2013.

Desde que se “entendeu como gente”, ela viveu atrás dos gatos. Sim, estes bichinhos meigos e peludos: os felinos. Aqueles que dizem ter sete vidas, que odeiam água. Será mesmo?
Ela não pensava assim aos seis anos de idade quando viu um gatinho deitado numa valeta rasa, por onde escorria água pelo terreno. O sol estava quente é bem verdade, era verão fazia muito calor e todos em casa estavam ocupados com seu afazeres.
­— Bom, já que ele está nesta valeta, é porque sente calor, muito calor... O melhor mesmo é coloca-lo no tanque e dar-lhe um bom banho de torneira. Assim faziam com ela nesta época do ano.
Pegou-o no colo, fez uns carinhos. Talvez tenha explicado a ele que lhe daria um gostoso banho e que por estar muito calor ele iria adorar.
Abriu a torneira, colocou-o debaixo da água e... bem, o resto já devem até imaginar. Esta foi a sua primeira experiência mal sucedida com os gatinhos: as mãos arranhadas e ensanguentadas e aos berros pelo quintal.
Mas, criança esquece fácil e não guarda rancor algum.
Os gatos a perseguiam e ela agora mais crescida - continua apaixonada por eles.
Certa vez ouviu uns fracos miados em baixo de sua janela, e, como resistir aos apelos de um bichinho tão indefeso. Pegou-o, e como era preto deu-lhe o nome bastante sugestivo de Black. Neste ela não deu banhos, pois já sabia o trágico resultado. Este era sapeca demais e a ele ensinou a brincar com as bolinhas de papel. Ficava na esquina das paredes e com uma bolinha de papel pendurada no barbante balançava-a para que corresse e pulasse para pegá-la. Aprendeu tão rápido a brincadeira que mesmo sem as bolinhas o “Black” ficava espreitando atrás das quinas da casa para pular em cima do primeiro que passava, causando assim muitos gritos de sustos.
Diversos gatos passaram pela sua vida: pretos, cinzas e malhados. Mas, de um em especial ela jamais esqueceu. Era branco e o chamavam de “Romão” devido ao seu miado que imitava o seu nome. O gato era do seu avô e desapareceu de tanta saudade, depois que seu dono morreu.




E aí já colecionou?

Outubro/2013

Tem pessoas que fazem coleção, e outras que juntam objetos. Acha que é a mesma coisa?
Tem aqueles que colecionam livros, selos já utilizados, selos novos, selos carimbados pelo Correio, CDs, DVDs, roupas, sapatos, moedas, plantas, insetos... Melhor nem tentar enumerar, pois são muitas as possibilidades.
Mas, o que observo é que uma parte desses colecionadores somente acumula pelo simples prazer de ter, ou dizer que têm. Quem sabe, seja uma necessidade inconsciente de preencher um vazio que imaginam existir ou temem que possam vir a ter.
A maioria dos colecionadores não curte a coleção, não contempla os objetos ou coisas que acumularam ao longo do tempo. Agem como os “compulsivos” que depois de adquirirem o bem se sentem culpados e agem como se ele não existisse.
É engraçado como a vida é cíclica. Quando somos novos gostamos de colecionar para termos a sensação de posse, e quando ficamos idosos guardamos tudo, sem nos desfazermos de nada, por medo do vazio e da solidão... talvez.
Toda criança já teve vontade de colecionar borboletas. Primeiro tinha-se que arrumar uma folha de isopor grossa, depois era hora de arranjar uns alfinetes, que podiam ser surrupiados na máquina de costura da mãe. Pronto! É só caçar as borboletas. Tinha-se que escolher aquelas bem coloridas. Coitadas... Assim que capturadas eram espetadas com o alfinete no isopor. Bom, hoje nas grandes cidades fica difícil fazer uma coleção desta: primeiro porque não se encontram mais borboletas por aí, e depois os ambientalistas não vão gostar nada, nada dessa ideia. É politicamente incorreto.
Os meninos podiam colecionar bolinhas de gude, as meninas bonecas de papel.
Agora, triste mesmo são as pessoas que adoooram juntar quinquilharias. Nada pode ser jogado fora, descartado ou doado. Tudo pode servir... um dia. No guarda-roupa, aquela saia, camisa ou calça apertada, nem pensar, pois um dia vai emagrecer e em tudo vai “entrar”. E aquele parafuso enferrujado? De jeito nenhum, se precisar, algum dia qualquer, e o comércio estiver fechado, vai ser muito útil. E assim vai juntando cada vez mais objetos. Um dia vai precisar realmente de alguma coisa que guardou, mas não vai poder usar, pois de tão bem guardado que está não sabe onde encontrar.
Viu só como há diferença entre colecionar e juntar?




Totalmente Vazias.

Setembro/ 2013.

Eu gostaria de saber escrever. Talvez uma crônica ou um conto.
Mas logo eu, que na escola sempre fui péssima em “Língua portuguesa”, logo a nossa língua materna a qual deveríamos saber de cor e salteado, vejam só a ironia.
Mesmo assim, atrevida que sou me arrisco a escrever.
Fico horas pensando em que tema devo abordar e me pego pensando nos grandes cronistas que escrevem para jornais, revistas, etc.
Como podem ter tanto assunto e conseguem escrever com tanta facilidade, falando de coisas cotidianas que jamais sonharíamos que poderiam se transformar em crônicas. E quanta leveza e tanta emoção num texto cheio de simplicidade que nos dá a impressão de que escrever é muuuiiiito simples. De onde tiram tanta imaginação?
Mas como meu divagar não chega a lugar algum, me vejo a escreve este pequeno texto que não diz nada, apenas palavras, meias sem sentido que juntas tentam de todas as maneiras me convencer de que “sim”, sou capaz de escrever, nem que seja um texto vazio, fútil e sem nexo, que expresse tão somente a vontade de escrever algo.
Penso que no fundo todos têm essa vontade louca de, como eu, escrever algo...

Aventure-se também.

Contemplação

Setembro/2013

Com o corre-corre em que vivemos, perdemos o poder de apreciar as coisas simples do dia a dia, que está ao nosso redor, como as flores do nosso jardim, as nuvens no céu ou simplesmente passear com o cachorrinho - que pode ser da sua filha - pelo seu bairro ou no bairro vizinho.
Nos meus a passeios proveito o para contemplar os jardins dos prédios, os jardins das poucas casas que ainda resistem aos apelos imobiliários e por que não os canteiros das ruas arborizadas pela prefeitura.
Passei a observar a transformação desses mesmos jardins ao longo das estações do ano.
No outono como é triste quando as árvores perdem todas as suas folhas e seus galhos ficam totalmente pelados, vazios e tristes parecendo que vão fenecer. Em contrapartida como é prazeroso chutar todas aquelas folhas secas acumuladas pelo chão, principalmente quando são grandes, como as da amendoeira, que não sei por que sempre a chamei de “castanheira”, talvez influência da castanha do seu fruto.
E na primavera, apreciar as inúmeras variedades de flores que enfeitam a cidade. Até em algumas casas fechadas as flores, nesta época, colorem o jardim aparentemente abandonado.
Certa vez me deparei com uma calçada totalmente rosa, coberta de florezinhas de jambo e fiquei tão “maravilhada” que aquela calçada jamais saiu dos meus pensamentos, tamanho encantamento me causou. Cheguei inclusive a pensar: agora posso dizer que sei, exatamente, o significado da cor magenta!
No verão, o que seria dos meus passeios com nosso clima mais que tropical, se não fossem as árvores para através de suas copas enormes para me abrigar do calor.

Passear pelo bairro e apreciar todo esse movimento de transformação faz-me sentir feliz e privilegiada simplesmente por estar viva.